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Um dia serei conhecido
28 de mai. de 2010

“Um dia serei conhecido e mandarei todo mundo tomar no cu. Isso será discutido em todos os bares e rodas sociais da cidade” estava escrito na página dedicada ao dia 14 de março de 1948. O diário fora encontrado no bolso do morto. Suas roupas fediam mais do que seu tórax apodrecido e ninguém apareceu para reconhecer o corpo. Há outras tantas baboseiras escritas, mas apenas essa é digna de nota. Pelo conteúdo, ele um dia foi escritor e ilustrador, mas a última página preenchida data de 02 de outubro de 1984. A grande maioria dos seus desenhos parecem ser de seres imaginários, formas orgânicas que nunca vi ou ouvi falar, todas sem olhos ou bocas, apenas narinas e órgão sexuais. Só sabemos que o caderno era seu, de fato, pois ele assinava tudo o que ali escrevia – mesmo que fossem frases curtas de quatro ou cinco palavras – e havia um crachá de uma loja de departamento com seu nome e sua foto, bem mais moço, presa à gola de sua camisa. Pelo menos do tempo em que trabalhara ali, seu ofício era o de faxineiro. Infelizmente, a loja – e todos os seus arquivos de funcionários – já não mais existe. Na rua onde fora socorrido, ninguém sabia quem era ou o que fazia, mas aparecera por ali numa noite fria de abril e por lá ficou, sem nunca abrir a boca para falar com ninguém, ou mesmo escrever, pelo menos que tenham notado. Nunca pediu esmola e nunca se cobriu com nada mais que seu velho casaco de couro. Uma rápida procura na internet afirma: ele nunca fora uma pessoa conhecida.

Posted by H.A. Rodriguez 23:56 12 comentários  



Grouper - Dragging a Dead Deer Up a Hill [Type, 2008]
29 de mar. de 2010


A "segunda audição" é essencial. Muitos ótimos discos passam despercebidos por simplesmente serem de difícil assimilação. Barulhentos, dissonantes, lentos demais ou rápidos demais e que acabam caindo em esquecimento.

Não sei exatamente como funciona, mas de alguma maneira a melodia fica guardada em nosso subconsciente e quando retornamos a elas, nos parecem mais familiares. Acredito que apenas aí podemos ter uma certeza plena se aquele som nos agrada, ou não.

Lógico que existem exceções e normalmente elas dizem respeito ao nosso gosto musical. Tenho certeza que nem em mil audições isso aqui soaria como música pros meus ouvidos. Existem discos que não sobrevivem a essa triagem. Inclusive os que em um primeiro momento nos agradam. Não duram pro resto da vida, lembraremos deles apenas como parte de um momento, uma fase.

Por outro lado existem discos como este, que hoje retorno pela terceira vez em três anos. Dragging a Dead Deer Up a Hill (aqui, aqui e aqui) é disco do projeto solo de Liz Harris, mais conhecida como Grouper.

Disco lento, hipnótico, etéreo, cheio de camadas e ainda assim muito simples, sem excessos. Volte a esse disco quantas vezes for necessário.

Voltaremos!


Posted by Jansen 14:38 1 comentários  

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"Are you ready for that? Checking into a Las Vegas hotel under a phony name with intent to commit capital fraud on a head full of acid? I sure hope so".